terça-feira, abril 16, 2024
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Internacionalização: Startups brasileiras estão de olho na Espanha

Uma mistura do novo com o tradicional, de arte, tecnologia, música, gastronomia, excelente infraestrutura, qualidade de vida e incentivos para empreendedores estrangeiros definitivamente fazem de Madri e Barcelona dois atraentes destinos para quem pensa em internacionalizar suas ideias. Não por menos, ambas estão entre os dez principais hubs de inovação da Europa.

Capital da Espanha, Madri foi escolhida pela Comissão Europeia para se tornar um European Digital Innovation Hub (EDIH), composto por 11 organizações, para promover a transformação tecnológica do país e da União Europeia. Ela também ocupa o topo do ranking europeu das cidades mais atrativas para startups e empreendedores.

Sua localização e rede de infraestrutura fazem dela um ponto estratégico de conexão com a Europa, Oriente Médio e América Latina. “É uma cidade muito fácil para tudo. A locomoção, o idioma, o custo de vida. Nem o clima tem grandes extremos”, comenta Alexandre de Paula Oliveira, chefe do Setor de Ciência, Tecnologia e Inovação (SETEC) da Embaixada do Brasil em Madri.

O órgão desempenha um papel essencial no ciclo Madri-Barcelona do Startup OutReach Brasil, programa de internacionalização de startups brasileiras nos ecossistemas mais promissores do mundo. “Como estamos no campo, nossa função no OutReach é mostrar o caminho das pedras para os empreendedores participantes, compartilhar informações, encontrar parceiros, auxiliar nas reuniões e na agenda presencial do programa na cidade”, explica o diplomata.

Durante o período de 3 de novembro a 2 de dezembro de 2022, os empreendedores interessados em internacionalizar seus negócios inovadores para Madri e Barcelona podem se inscrever no ciclo do Startup OutReach Brasil pelo site do programa.

Morando há 11 meses na cidade, o diplomata aponta que o povo espanhol tem uma visão muito positiva e uma grande admiração pela potência do Brasil. “A Espanha é o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil do mundo, com cerca de US$80 Bilhões alocados no total. Temos relações econômicas intensas”, diz.

Madri é sede de grandes corporações com capacidade de promover a transformação e de absorver ideias inovadoras em formato de inovação aberta, além de abrigar escolas de negócios que estão entre as melhores do mundo.

O diplomata também aponta duas iniciativas do governo espanhol, por meio do Centro para o Desenvolvimento Tecnológico Industrial (CDTI), para incentivar o estabelecimento de empresas inovadoras de base tecnológica. A primeira é o Programa Innvierte, que aporta fundos de capital de risco em startups. A segunda, chamada Compra Pública Inovadora, abre a possibilidade para o próprio governo comprar e testar soluções inovadoras, sendo assim um cliente das startups. “Não importa se é uma empresa nascida na Espanha. Uma vez que você se estabelece aqui é um empreendimento espanhol e tem direito aos benefícios”, explica.

Já Barcelona, capital do estado da Catalunha, não fica para trás. A cidade portuária abriga o “22@”, área conhecida como o Distrito da Inovação, situada no bairro de PobleNou. Ela concentra mais de 1500 empresas inovadoras como a Cisco Systems, diversas startups, sedes de universidades, edifícios futuristas, além de áreas residenciais, zonas verdes, equipamentos e serviços para as pessoas que vivem lá.

Marcelo Ferraz, chefe do Setor de Promoção Comercial e do Setor de Ciência e Tecnologia e Inovação do Consulado-Geral do Brasil em Barcelona, só tem elogios para a cidade. “O que eu mais gosto daqui é o mar”, comenta o diplomata. Segundo ele, a cidade portuária apresenta um caráter cosmopolita há séculos. “Tem gente do mundo inteiro por aqui. Barcelona é muito aberta a estrangeiros e principalmente a empreendedores latinoamericanos. É uma cidade relativamente pequena, então por onde se passa é possível ouvir diferentes idiomas”, diz.

Conhecida pela obra do arquiteto Antoni Gaudí, Barcelona tem investido em manter seu caráter cosmopolita e descolado, por isso a aposta em tecnologia e inovação. “Aproximadamente 20% da economia daqui vem do turismo, que é uma fonte instável. Por isso, atrair jovens empreendedores é uma escolha feita para enriquecer o ecossistema e irrigar a economia. Eles geram outros empregos, trazem diversidade e energia para a região”, diz Marcelo.

“É uma espécie de fuga de cérebros”, brinca o diplomata. “Com mão de obra qualificada e um custo de vida relativamente baixo quando comparado a outros polos como Vale do Silício. Aqui, €11 se almoça. Lá em São Francisco, isso paga um café e um chocolate”, finaliza.

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