quinta-feira, março 28, 2024
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O que disse (e prometeu) o ministro Paulo Guedes em sua passagem por Salvador

Por Geraldo Bastos

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira (26), em Salvador, durante palestra para empresários, no Senai Cimatec, que o Brasil está “condenado” a crescer. De acordo com ele, nos próximos dez anos, estão assegurados investimentos privados da ordem de R$908 bilhões em diversos setores da economia do país. Este valor, comparou Guedes, é quase o dobro dos recursos direcionados pelos Estados Unidos para o Plano Marshall – a ajuda financeira americana para reconstruir a Europa após o final da Segunda Guerra Mundial.

“O Brasil está condenado a crescer, vai crescer de qualquer jeito, vai crescer mais rápido se tiver gente que o saiba dirigir”, afirmou o ministro para uma plateia formada por mais de 400 empresários dos setores da indústria, comércio, serviços, agropecuária e transportes. “Bastou melhorar o ambiente de negócios do país e apareceu na fila dois planos Marshall de investimentos no Brasil”, enfatizou.

Durante quase duas horas, o ministro abordou as perspectivas da economia brasileira para os próximos anos em tom de puro otimismo. Em sua fala, por sete vezes interrompida por aplausos da plateia, Guedes garantiu que o atual governo “mudou a estrutura da economia” brasileira, a partir dos novos marcos regulatórios, garantindo assim a atração de novos investimentos e as condições para que o país possa crescer a uma taxa média de 4% ao ano.

“O Brasil vai crescer. Não existe esse papinho de cresce este ano, mas o ano que vem não. Só se votar muito errado é que tem uma chance de crescer menos”, assinalou, em tom de campanha eleitoral. Durante a sua apresentação, o titular do Ministério da Economia assegurou que uma de suas metas à frente do governo é incentivar a instalação de novas indústrias. “Vamos reindustrializar o país”, garantiu, prevendo uma “avalanche” de investimentos no setor energético da Região Nordeste.

Previsões

Paulo Guedes utilizou boa parte de sua palestra para fazer uma espécie de balanço de sua atuação à frente do ministério. De acordo com ele, o Brasil está indo bem melhor do que previam os analistas econômicos e organismos internacionais, a exemplo do Fundo Monetário Internacional (FMI). “Não acreditem em narrativas políticas, confiem no Brasil, apostem no país e observem os fatos”, pediu. “Nosso governo foi atacado de manhã, de tarde e de noite todos os dias. É a crise de abstenção de quem não está no poder”.

Paulo Guedes disse que só cinco países do mundo têm um território com mais de 2,5 milhões de quilômetros quadrados e, ao mesmo tempo, uma população de mais de 100 milhões e um PIB superior a US$1 trilhão. E o Brasil está nesse grupo. “Uma massa suficiente para criar uma economia de mercado, com consumo em massa, que é para onde o Brasil está indo. Nós seremos uma das cinco maiores economia do mundo. Está escrito. O que precisamos é confiar em nós mesmos”, afirmou.

Guedes lembrou que previsões feitas pelo FMI mostravam que a economia do país iria despencar 9,7% em 2020 – o primeiro ano da pandemia de covid. “Eu discordei na hora, chamei a atenção, pedi a ele [FMI] humildade. Eles ficaram com a previsão. No final do ano, pelos erros, eu afastei a missão do país”, disse. “Quem caiu 9,75% foi o Reino Unido, 8,7% a Itália, 7,8% a França e 5,6% a Alemanha. O Brasil caiu bem menos (3,9%)”.

Já para este ano, contou, os economistas previam uma queda de 1,5% no PIB. Depois então houve uma revisão para -0,5%, na sequência para zero e, em seguida, crescimento de 1%, 1,5%, 2,5% e agora já se fala em expansão de 3%. “E passaram o ano inteiro também revendo as projeções de inflação. Era 11%, passou para 10%, 9%, 8%, 7%, sexta-feira caiu para 6% e agora 5,88%. A verdade, é que este ano teremos uma inflação mais baixa que a dos Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra e vamos crescer mais do que todos eles”, garantiu. Segundo o chefe da equipe econômica, o país experimenta uma recuperação econômica em “V” [numa referência à letra que caracteriza a rápida retomada da economia].

Conquistas

O ministro destacou ainda como as principais conquistas do atual governo a criação do Auxílio Brasil, a geração de 16 milhões de novos empregos, o refinanciamento das dívidas do Fies, a liberação de crédito para as micros e pequenas empresas e a redução da carga tributária. “Vamos encerrar o ano com uma taxa de desemprego em 8%, o menor índice em 20 anos. Pela primeira vez na história do país, temos 100 milhões de brasileiros trabalhando”, observou. Com relação aos impostos, Guedes prometeu ainda novas reduções no IPI.

“O Brasil é uma potência digital, ambiental, energética e alimentar. Nós não temos que ter medo de nada. É só trabalhar”, frisou Guedes, que garantiu ainda que a imagem do Brasil no exterior também mudou, especialmente na área ambiental. “Teremos um novo sistema baseado em três pilares. Primeiro, será tributado quem polui. Haverá subsídio e estímulo para os países que inovam, que investem, por exemplo, no biogás, biodiesel, biomassa e etanol, e finalmente e mais importante: a preservação ambiental será paga. Cada árvore brasileira vale muito mais em pé do que deitada daqui pra frente. Serão US$100 bilhões por ano e o Brasil vai ficar com cerca de US$17,5 bilhões. Acho que vai ser bom, não?”.

Repercussão

O evento foi uma realização do Fórum Empresarial da Bahia, com apoio da Fieb, Faeb, Fetrabase, Fecomércio-BA, FCDL e Associação Comercial da Bahia. Saudado pelo ministro Paulo Guedes como o futuro presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Ricardo Alban, afirmou que o setor está disposto a colaborar. “Queremos e devemos ser cúmplices para o desenvolvimento econômico e social deste país”.

Já o presidente da Fecomércio, Kelsor Fernandes, pediu mais atenção ao setor de serviços. “Nossa categoria foi a que mais sofreu na pandemia e é uma das mais penalizadas com impostos. Somos o setor que mais emprega e precisamos que se tenha um olhar diferenciado sobre a nossa atividade, com menos tributação e mais acesso a crédito”, pleiteou.

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