sexta-feira, abril 19, 2024
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Viajar, casar e curtir são os desejos dos brasileiros com a retomada da rotina pré-pandemia, diz relatório do Itaú

Por Joana Lopo

Em sua terceira edição, o relatório trimestral de Análise do Comportamento de Consumo do Itaú Unibanco conclui que a realização da viagem dos sonhos, os planos de casamento e os encontros com os amigos dão indícios de retorno. O setor de turismo, por exemplo, teve queda de 90% no faturamento no pior momento da pandemia, mas retomou o crescimento e alcançou alta de 257,3% no segundo trimestre de 2021, na comparação com o mesmo período de 2020. Os segmentos aéreo e hoteleiro, considerando hotéis, motéis e pousadas foram os que mais se destacaram e registraram um aumento três vezes maior do que no ano anterior, com crescimento de 237,1% e 255,8% respectivamente.

Apesar desse desempenho, o consumo nesses setores ainda está abaixo dos níveis pré-pandemia. De acordo com o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, que fez uma análise macroeconômica nesta terça-feira (24), durante coletiva com jornalistas e acompanhada pela equipe do INEWSBR, o país ainda está na fase de influência da pandemia na economia. Embora os casos tenham caído e a vacinação avançado, o setor continua em processo de recuperação.

Agora, umas das apreensões do mercado é a influência da variante delta, que aflige pela perspectiva de novas medidas de isolamento e outras restrições. “Mas ainda é incerto. Até agora não houve uma piora nos números nacionais, só houve piora localizada, no Rio de Janeiro. O bom é que ao olhar para a atividade econômica vemos que já superamos o patamar do início da pandemia e estamos recuperando integralmente. O PIB é outro indicativo de que estamos retomando o nível. Esperamos que cresça 5,7% até o final do ano. Mas sabemos que depois de normalizarem as atividades econômicas teremos um 2022 mais desafiador”, observa Mesquita.

A oferta de energia é outra preocupação, segundo o economista. Também tem a alta de preços de matérias-primas e gargalos de produção, notadamente no setor automotivo de eletroeletrônicos, que afetam diretamente na inflação. “A energia é outro gargalo de oferta. Isso tudo contribui para inflação elevada em torno de 9%. Até achamos que caia no próximo ano, mas será em torno de 7%, o que ainda será muito alta. Isso muda a regra do jogo e faz com que haja a elevação de taxa de juros”.

Conforme Mesquita, o banco considera três indicadores para fazer a avaliação de mercado: atividade, empregos e salários. Os empregos formais, por exemplo, voltaram a crescer, o que é bom por um lado. Por outro, o desemprego para os informais continua em alta e isso aumenta as desigualdades. “O Brasil deve sair dessa pandemia mais desigual do que quando entrou. Os setores mais formais e modernos da economia se sairão bem, mas os outros terão recuperação muito mais fraca e teremos que lidar com isso”, avalia.

Lazer e bem-estar

Além de casar mais (as agências matrimoniais e buffets cresceram de 97,4% no faturamento, na comparação com o mesmo intervalo de 2020), com a volta das cerimônias, os brasileiros alugaram mais roupas e joias. Esses setores foram impactados positivamente e tiveram crescimento de 214,9% e 129,9%, respectivamente. As atividades de bem-estar, como spas, centros estéticos, massagistas e manicure tiveram aumento de 90,7% no segundo trimestre, em relação a 2020. Já os bares, tão prejudicados pela pandemia, voltaram a encher suas mesas e tiveram alta de 153,5%, sinalizando aceleração do setor.

No segmento de lazer, considerando clubes, cinema, teatro, boliche, sinuca, além de parques e escolas de dança, a alta foi de 176,6% no faturamento, no segundo trimestre de 2021, comparando com o 2T20. Outro segmento que indica retomada é o de locomoção e transporte (transporte de passageiros, postos de combustíveis, recarga de cartões como o Bilhete Único, multas de trânsito, estacionamentos e pedágios), que apresentou aumento de 98,4% no segundo trimestre deste ano, com relação ao ano anterior.

Os serviços de mudança saltaram 67,1%, indicando que as pessoas estão buscando residências com mais espaço e conforto, especialmente em função do home office. As compras físicas também cresceram no trimestre e representam 78,9% das transações, contra 21,1% no online. Na comparação com igual intervalo do ano anterior, houve crescimento de 47,2% nas compras efetuadas no ambiente físico, e 43,2% no online, em faturamento. No ambiente físico, os segmentos que apresentaram maior crescimento no segundo trimestre de 2021 foram os atacadistas, com aumento de 35,4% ante 2020; e lojas de materiais de construção, com elevação de 31,6% na comparação com 2020.

Vestuário e lojas de departamento seguem na mesma direção. Enquanto vestuário teve queda de 67,6% em 2020 ante 2019, na comparação de 2020 com 2021 apresentou crescimento de 162,1%. As lojas de departamento, que tiveram decréscimo de 33,7% em 2020 com relação a 2019, apontaram aumento de 40,2% na comparação de 2021 ante 2020.

De acordo com o diretor de estratégia e engenharia de dados do Itaú Unibanco, Moisés Nascimento, não há correlação dos resultados deste relatório com os resultados financeiros do Itaú Unibanco. Segundo ele, o levantamento é feito com dados de cartões do banco e das vendas realizadas pelos clientes da rede, através da empresa de meio de pagamento.

“A retomada do varejo ainda pede cuidados. Os resultados, embora sejam bons, ainda são tímidos porque continuamos com uma certa restrição no comportamento para o consumo. Já alcançamos patamares pré-pandêmicos e a tendência é crescente. Comparando o mesmo período de 2020, o crescimento deste ano está em torno de 46,4% no valor transacional. Mas devemos alcançar mais com a vacinação e o relaxamento, mas é bom lembrar que ainda não estamos no cenário pós-pandêmico”, disse o diretor.

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