quinta-feira, dezembro 5, 2024
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Mater Dei mira o Nordeste e a região do agrobusiness para expandir sua rede de hospitais

Por Joana Lopo

Após os dois melhores trimestres de sua história, com resultados recorde na receita bruta, de R$ 5,9 bilhões (alta de 88,9% no 2T21), e lucro líquido de R$477,7 milhões (722% no 2T21), a rede Mater Dei mira  o Nordeste brasileiro e a região do agrobusiness para expandir suas unidades hospitalares. Em entrevista ao canal BM&C NEWS, e acompanhada pela equipe do INEWSBR, o diretor de relações com investidores do grupo, Rafael Cordeiro, disse que a meta agora é tentar entrar nas cidades de pequeno e médio porte.

Segundo ele, depois da primeira unidade há 41 anos, em Belo Horizonte, o grupo resolveu expandir em Minas Gerais e construiu mais duas unidades na capital e outra em Contagem, somando 1.081 leitos ao total. Visando novas terras, chegou a Salvador, onde terá mais 367 leitos. Também comprou, recentemente, por R$800 milhões, o  Grupo Porto Dias, maior rede da região Norte, com 592 leitos. Com isso, a rede fecha uma quantidade de mais de dois mil leitos espalhados entre suas unidades de saúde no Brasil.

“Nosso crescimento é refletido pelos nossos excelentes resultados, principalmente no segundo trimestre deste ano, que atingimos números muito significativos. Somos uma rede privada de excelência, mas também temos um papel complementar ao do Sistema Único de Saúde (SUS). Temos um dever de levar a saúde para pessoas”, afirmou Cordeiro.

Embora o público da rede seja voltado para as classes A e B, em especial da rede privada, as parecerias com as operadoras de saúde prometem ampliar a clientela para todas as classes sociais, conforme o diretor. “Atenderemos desde o presidente ao operário chão de fábrica. É nosso dever social. Esse setor segmenta muito, mas nós não queremos isso, e esse é nosso diferencial”, conta ele.

Cordeiro disse ainda que o impacto da pandemia foi grande inicialmente, mas que já estão recuperando e retomando setores que foram atingidos, como as cirurgias eletivas (não emergenciais). Ao ser perguntado sobre um novo impacto, causado pela variante Delta, ele diz que não dá para prever, embora não tenha impactado em nenhuma unidade da rede, mas garantiu que não irão desmobilizar as áreas destinadas para o tratamento da covid-19.

“A Mater Dei tem uma rede completa com todos os serviços e se organizou para atender a todos os pacientes com toda segurança e conforto para voltar aos hospitais. Hoje, o número de pacientes com covid caiu muito. Chegamos a atender 330 pacientes ao mesmo tempo e agora estamos perto de 40, mas continuamos com fluxos diferentes e preparados para uma nova onda, se vier”, diz ele.

Em relação à receita da empresa, o diretor disse que a pandemia não causou impactos. A companhia continuou seu processo de expansão, fez IPO há quatro meses, comprou o Grupo Porto Dias e está prestes a inaugurar a unidade de Salvador, que são os mais recentes investimentos. Para ele, é um desafio, mas como estão com boa performance, o objetivo é continuar crescendo.

“Em médio e longo prazo, a perspectiva é muito boa. Temos uma média de 50 milhões de beneficiários na nossa rede privada, e isso representa menos de 25% da nossa população. Ainda temos muito o que crescer, até porque há uma correlação entre crescimento do PIB e o número de beneficiários da rede privada. Mesmo com a retração da economia, pela primeira vez, tivemos uma inversão dessa correlação e aumentamos o número de beneficiários, talvez porque a saúde veio para o centro dessa discussão por causa da crise sanitária”, avalia.

ESG

Sobre as práticas de ESG (Environmental, Social and Governance), que em português quer dizer Governança Ambiental, Social e Corporativa, Cordeiro conta que é um dos focos da rede. Além de apoiar diversos projetos sociais, também realiza ações como a oferta gratuita de exames de mama e próstata, sempre nos meses em que seguem as campanhas, que são outubro e novembro, respectivamente. Apoiam, da mesma forma, projetos sociais, esportivos e culturais, a exemplo de patrocínio a times de vôlei.

“Recebemos o selo GPTW (Great Place to Work), que indica que a empresa é um ótimo lugar para trabalhar), e damos liberdade para as pessoas trabalharem aqui, sejam elas de qualquer gênero. Nosso conselho tem um número grande de mulheres. O prédio de Salvador tem selo de prédio verde. Estamos preocupados também com nossos colaboradores e com o bem-estar”, revela.

Margens históricas

Cordeiro atribui as margens históricas atingidas pela companhia ao controle difuso de gestão. Segundo ele, são realizadas várias atividades internas, com a presença de comitê de produtividade, estudo de retorno sobre investimento, entre outras ações. “Aqui ninguém tem cadeira cativa. Estamos sempre inquietos para mudar para melhor. Nossa parte dietética, por exemplo, antes era terceirizada e agora nós mesmos fazemos. Nossa gestão é profissional há muitos anos, o que não ocorre muito neste mercado. Somos hospital completo, geral e de alta complexidade. Somos donos de todos os serviços. Outro ponto diferencial é nossa relação com corpo clínico, que nos acompanha em todos os nossos passos”.

Salvador

De acordo com o diretor da rede, a amplitude de serviços também contribui para os resultados positivos. Por isso, em Salvador, na unidade que será inaugurada no primeiro semestre de 2022, como ele prevê, o paciente encontrará os “tops five” dos serviços da rede que são: cirurgias, oncologia, medicina diagnósticas e CTI. “Teremos um hospital completo, com todas as especialidades. Vamos levar o que não tem na cidade, tanto pela beleza como internamente. Vamos oferecer os melhores equipamentos e todo tipo de exame”, afirma.

Mater Dei

Criado em 1980, em Minas Gerais, o Mater Dei nasceu em Belo Horizonte e se tornou um dos principais grupos de saúde da região. Em 1984, sob o comando de José Salvador Silva foi inaugurada a unidade multidisciplinar para atender urgências e emergências domiciliares. Posteriormente criou o Serviço de Urgência Cardiológica, com Unidade Coronariana Móvel. Assim como as unidades de mastologia e expertise em fertilização.

O processo de expansão chegou à cidade de Salvador, na Bahia, a sua primeira unidade fora de Minas Gerais, onde investe mais de R$ 500 milhões na construção do prédio em que funcionará o hospital. O projeto de 60 mil m², com panorama de 180º, a 100 metros de altura, com 24 pavimentos, heliponto, tem capacidade para 370 leitos operantes e um Centro Médico Integrado de Saúde com quase 10 mil m². Em abril deste ano, a empresa líder em serviços hospitalares e de oncologia fez IPO, levantando cerca de R$ 1,4 bilhão.

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