sábado, julho 27, 2024
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O plano da Renner por trás da aquisição de 100% da Repassa

Por Joana Lopo

Em menos de três meses da captação de quase R$ 4 bilhões em oferta subsequente de ações, a varejista Renner anuncia a aquisição de 100% da Repassa, startup de revenda de roupas usadas. O valor da negociação não foi revelado pela empresa, que também não divulgou como investirá  o valor levantado em follow on. Entretanto, o mercado especula que se trata de um investimento muito menor. Essa foi a primeira compra da Lojas Renner em 10 anos e marca um movimento de expansão, especialmente no mercado online, como parte da estratégia de criar um ecossistema de moda e lifestyle completo.

A equipe do INEWSBR acompanhou a entrevista ao canal Stock Pickers, ontem (19), no YouTube, do CEO da Lojas Renner, Fábio A. Faccio. Ele disse que o mercado de secondhand (segunda mão) está em plena expansão. “O serviço de revenda vem crescendo muito no mundo inteiro. O Brasil não fica atrás. O mercado atual gira em torno de R$ 7 bilhões do GMV (Volume Bruto de Mercadorias) e, até 2025,  deve saltar para R$ 31 bilhões. Esse mercado é crescente, se digitalizou recentemente e tem muito potencial”, destacou Faccio.

Faccio: “Temos hoje dois grandes pacotes de possibilidades de aquisições” 

Essa aquisição, depois de uma década de crescimento exclusivamente orgânico (a última compra da Renner foi em 2011, da loja Camicado, por R$ 165 milhões), é o começo de novos investimentos que, segundo o CEO serão bem variados. “Faremos movimentos menores, mas podemos apostar em movimentos maiores também. Temos hoje dois grandes pacotes de possibilidades de aquisições. Estamos trabalhando com desenvolvimento interno e pretendemos acelerar esse movimento”, disse.

Um desses pacotes é a ampliação do sortimento de produtos e serviços, como a Repassa, por exemplo, que agregou um serviço. O outro grande pacote trata dos habilitadores de plataformas tecnológicas, de logística e de dados, mas o CEO não deu mais detalhes.

Segundo ele, o mercado circular abrirá novas portas para a Renner, que está amparada em três pilares do ecossistema: digitalização, inovação e sustentabilidade. “A Repassa é nativa digital em um segmento crescente e inovador. Já foi um passo promissor para reduzir o impacto ambiental e melhorar o ESG (Environmental, Social and Corporate Governance ou Ambiental, Social e Governança Corporativa, em português) da empresa”, avalia Faccio.

O modelo de negócio do Repassa é o do marketplace gerenciado, que cuida de todos os processos (anúncio, venda, embalagem etc.), de todos os produtos, enquanto os concorrentes têm o modelo peer-to-peer (P2P), que apenas conecta as duas partes. A taxa de comissão varia entre os serviços, mas gira em torno de 16%. De acordo com Faccio, o vendedor pode deixar sua parte em dinheiro na conta corrente ou pode usar como crédito para comprar na própria plataforma. Também pode doar o valor para ONG parceira ou até ficar com metade e doar metade. “São muitas as opções para o vendedor. E ainda daremos mais capilaridade ao Repassa, para continuar crescendo”.

A Renner

Constituída em 1965, a Lojas Renner S.A. foi a primeira corporação brasileira com 100% das ações negociadas em bolsa e está listada no Novo Mercado, grau mais elevado dentre os níveis de governança corporativa da B3. Seu ecossistema de moda e lifestyle é formado pelas marcas: Renner, que tem roupas e acessórios em diferentes estilos; Camicado, empresa do segmento de casa e decoração; Youcom, especializada em moda jovem, que foi adquirida pela Renner em 2011, por R$ 165 milhões e Ashua Curve & Plus Size, que oferece roupas nos tamanhos 46 a 54.

Atualmente, são mais de 600 lojas em operação, considerando todos os negócios. A companhia opera ainda com a Realize CFI, que apoia a atividade de varejo, através da oferta e gestão de produtos financeiros. As Lojas Renner S.A. iniciou o processo de internacionalização ao inaugurar unidades no Uruguai a partir de 2017 e na Argentina em 2019.

Seu lucro líquido entre outubro a dezembro de 2020 foi de R$ 354 milhões, o que representa uma queda de 31% em relação ao mesmo período de 2019. Já a receita líquida foi de R$ 2,92 bilhões de reais, sendo 1,6% maior do que o ano anterior devido a expansão da base de lojas.

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