Um dos setores mais impactados com a pandemia, o Turismo vai ganhar fôlego de R$ 1,2 bilhão, como anunciou o Banco do Nordeste do Brasil, na manhã de hoje, em seu canal do YouTube, quando apresentou as linhas de financiamento FNE Turismo e Fungetur. Nos últimos três anos, esse é o maior valor de crédito que a instituição destina para fomentar o setor (em 2018 foi de R$ 720,5 milhões, em 2019 R$ 826,1 milhões e 2020 R$ 787 milhões).
De acordo com o diretor de planejamento do Banco do Nordeste, Bruno Pena, essas ações fazem parte de um grupo de estratégias com objetivo de potencializar a competitividade das atividades regionais, o fortalecimento da governança do BNB, além da integração das políticas públicas necessárias ao desenvolvimento local e territorial. “Estamos dando ênfase aos meios de hospedagens, bares, restaurantes, mercadinhos, privilegiando os atores voltados para o segmento do turismo”, disse Pena ressaltando que o crédito é reservado para as regiões da Bahia, Ceará, Minas Gerais e Paraíba.
Na ocasião, o economista-chefe do BNB, Luiz Alberto Esteves, fez uma avaliação bastante positiva das economias brasileira e nordestina, o que deve contribuir para alavancar o turismo no país, especialmente no Nordeste. Segundo ele, até o final deste ano a recuperação da economia como um todo será acima de 4,5%.
“Tem especialistas no mercado que já consideram o crescimento entre 5% e 6%. O certo é que esse ano teremos um crescimento rápido e a região Nordeste deve permanecer crescendo nos próximos cinco anos, inclusive acima da economia do país, que em 2022 deve estabilizar em 2,5% enquanto no Nordeste deve girar em torno de 3,5%”, analisou Esteves, que indicou os estados do Piauí, Maranhão e Paraíba como os que mais crescerão nos próximos anos.
É certo os efeitos danosos da pandemia no turismo. Ano passado, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor sofreu com uma queda expressiva de 33,6%. Mesmo que esse cenário ainda seja uma realidade, o economista-chefe do BNB avalia que a forte retomada até o final de 2021 terá um efeito inverso e pode fazer com que o turismo seja um dos setores mais beneficiados nos próximos anos. “A pandemia teve um efeito traumático, sim, mas por outro lado, as pessoas ficaram em casa e economizaram, fizeram poupança e estão com dinheiro, somado a isso ainda temos um câmbio elevado, as taxas de juros competitivas e a flexibilização das medidas de restrições, depois da vacinação em massa. Esse conjunto de situações vai fazer o turismo decolar”, prevê Esteves.
Linhas de crédito
Para acompanhar esse crescimento previsto e contribuir com a retomada do setor, o BNB anunciou seus planos de financiamento. De longo prazo, o Programa de Apoio ao Turismo Regional (Proatur) – que usa recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), é a principal fonte de recursos e muito importante para a região. Nesse programa, o banco financia implantação, reforma, modernização, recolocação e ampliação de empreendimento do setor de turismo, sendo que ainda possibilita uma parcela destinada ao capital de giro associado que chega a até 30% do valor dos projetos.
O BNB financia até 100% e dá prioridade aos pequenos negócios. Em relação ao prazo de pagamento pode ser em 20 anos, com até cinco anos de carência, a depender da capacidade de pagamento do projeto. As garantias solicitadas pelo banco são as tradicionais: alienação fiduciária, fiança bancária, hipoteca e outras garantias que possam ser apresentadas nos financiamentos.
Quanto ao encargo financeiro para o tomador do crédito é de 0,95 a.a mais o IPCA, que é a menor taxa aplicada. Dos R$ 1,2 bi, R$ 700 milhões serão para FNE e mais R$ 500 milhões para o Fungetur, que conta com recursos do Ministério do Turismo, neste último é exigido um cadastro no site do ministério, o Cadastur (https://cadastur.turismo.gov.br/), para poder solicitar o empréstimo.
“Essa parceria com o Ministério é a grande novidade neste ano. Essas conquistas são para comemorar os 69 anos do banco de desenvolvimento do Nordeste, completados em julho. O BNB trabalha com público diverso, dos pequenos empreendedores às grandes corporações. Atuamos em vários setores, como agronegócio, energia eólica, governamental. Com esse orçamento para o turismo vamos incentivar ainda mais a retomada e crescimento da economia brasileira”, disse o gerente do Ambiente de Políticas de Desenvolvimento do Banco do Nordeste, Irenaldo Rubens.
O BNB
Hoje, o banco responde por 69,5% financiamento de longo prazo industrial e comercial, 55,7% de financiamento rural e agroindustrial, 20,1% para micro e pequenas empresas, 62,6% de todo longo prazo feito na região. Tem 4,3 milhões de clientes ativos. De janeiro a maio o banco contratou em suas operações R$ 14,1 bilhões, em um total de R$ 2,1 bilhões de operações, sendo que só tem 8% da rede bancária da região. Do FNE, que é a principal fonte de recursos foram R$ 8 bilhões contratados, em 266,5 mil operações.
Desses R$ 8 bilhões, R$ 1,2 bilhão foi para micro e pequenas empresas. De acordo com Rubens, no ano passado, já com a pandemia, os valores continuaram expressivos para apoiar o setor. “O BNB operou um programa emergencial de R$ 3 bilhões, que permitiu aos empreendimentos que pararam continuassem vivos até a pandemia passa e poderem retomar. Os projetos só precisam chegar com qualidade e toda documentação necessária”, ressalta.