sexta-feira, março 29, 2024
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Bolsa aos 130 mil pontos: o que significa e o que fazer

Por Joana Lopo

O Ibovespa, principal índice da B3, engatou uma nova alta nesta segunda-feira (14) e por pouco não bateu um novo recorde. O índice fechou com ganhos de 0,59%, aos 130.208 pontos. Entre 84 ações em carteira, 58 apontaram para cima. O que explica esta  alta se a economia brasileira ainda gera tantas dúvidas? Vale a pena ingressar nesse mercado neste instante?

De acordo com a CEO do grupo financeiro 360iGroup, Ale Boiani, nesse momento a melhor escolha é a opção por carteira de investimentos variados. “É importante mitigar riscos diversificando. Mas isso não importa tanto para os investidores de longo prazo. Como a tendência é de alta, ele não irá se preocupar com a volatilidade momentânea, já que seus ganhos serão ao longo do tempo”, explica.

Ale diz que a melhor escolha é a opção por carteira de investimentos variados

As recorrentes aItas do mercado, portanto, não são garantia de bons investimentos, como concordam os especialistas. Isso porque, quando os ânimos do mercado elavam a Bolsa com mais frequência, em um determinado momento, é natural que ocorra a queda, a chamada “correção”. Essa é a hora em que o ativo deixa de estar no momento de euforia e volta a ficar próximo do seu valor justo.

Por isso que a analista da Equipe de Análise da Terra Investimentos, Heloise Sanchez, aconselha manter o pé atrás nessas situações. “É mais prudente não cair no efeito manada do “fomo” (Fear of Missing Out) uma vez que todos estão ganhando dinheiro, exceto você. Durante o momento de alta da Bolsa, acaba não sendo o melhor para começar a investir, mas sim de procurar conhecimento para aportar lá na frente, quando houver novo cenário de baixa”, diz ela.

Outro fator analisado é o porquê das altas. Os especialistas ouvidos pelo INEWSBR atribuem o desempenho ao resultado do PIB, a redução dos juros americanos e o salto das importações da China, em maio último. Com isso, o país melhora sua percepção de risco nos mercados internacionais, assumindo papel importante na cadeia de fornecimento.

Para o economista do escritório Acqua Vero Investimentos, Bruno Musa, quando a Bolsa fica exposta às commodities, elas “puxam” o Ibovespa de maneira a compensar setores que, ciclicamente, podem passar por fases de baixa. “A moeda de China, o yuan chinês está mais forte frente ao dólar, isso favorece as importações chinesas. A China está demandando tudo, ela compra mais de 20% das exportações brasileiras e com o real desvalorizado frente ao dólar aumentam as exportações. Essa combinação melhora o PIB,  o emprego,   os dados fiscais, tendências da dívida frente ao PIB, tudo isso faz a Bolsa subir”, disse ele, que ainda prevê a alta dos juros no Brasil na próxima semana.

Taxa Selic

Diante disso, é preciso atentar também para a elevação da Taxa Selic. Se por um lado ela dá maior segurança fiscal ao país e ao financiamento das contas, por outro, pode aumentar o custo do dinheiro e influenciar as avaliações de preço justo das ações por parte dos analistas.

“Um dos fatores de alta nas bolsas é a queda abrupta das taxas de juros no Brasil e no mundo. Isso faz com que o custo do dinheiro fique mais barato e mais difícil de se arrumar investimentos com boa rentabilidade e elevado grau de segurança, como era na época em que tínhamos taxas na casa dos dois dígitos”, avalia o vice-presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), Gustavo Casseb Pessoti.

Gustavo Pessoti: “Um dos fatores de alta nas bolsas é a queda abrupta das taxas de juros no Brasil e no mundo”

Mesmo com as incertezas fiscais e políticas, além dos impactos econômicos causados pela pandemia da covid-19 há de se manter o otimismo. Segundo o sócio da 051 Capital, especialista em investimentos, Flávio Aragão, o mercado se adaptou às peculiaridades do momento de crise sanitária.

“O que surpreendeu foi que, apesar das restrições terem aumentado em diversas cidades pelo país, o mercado não precificou isso porque não é mais novidade. Agora estou ficando mais otimista. Se o pico da segunda onda da pandemia estiver próximo, o horizonte pode ficar mais claro e reduzir o risco, além de ser positivo para o capital”.

Confiança

Como o futuro é imprevisível, e são muitas as variantes do mercado, os analistas concordam que o momento é de apostar na confiança do empresariado, que aumentará significativamente com a vacinação em massa e geração de empregos. Até porque, mesmo com alta das commodities, a moeda brasileira acompanha incertezas fiscais e se mantém desvalorizada. Então o momento é de cautela.

Pedro Serra: “Olhando para o ambiente no Brasil, acredito que os ruídos em relação a política já estão, em sua maioria, precificados”

Para o gerente de análise da Ativa Investimentos, Pedro Serra, a expectativa é que a imunização no Brasil deva ganhar mais impulso no segundo semestre deste ano com uma oferta maior de doses.

“Olhando para o ambiente no Brasil, acredito que os ruídos em relação a política já estão, em sua maioria, precificados, ou seja, colocando na conta um resultado fiscal não muito positivo. Entretanto, caso as reformas administrativas e tributárias avancem, o cenário pode mudar. Por enquanto sigo cautelosos quanto ao sucesso das reformas e consideramos que a recuperação gradual da economia esteja dependente do sucesso da vacinação no país” avalia.

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