terça-feira, julho 1, 2025
terça-feira, julho 1, 2025

Indústria têxtil brasileira sofre intensa desaceleração e deve crescer apenas 1,2% este ano

Por Joana Lopo

O ano de 2022 parece que não trará bons ventos para a indústria têxtil e de confecção. Enquanto o crescimento da produção deve beirar 1,2% (frente à 11,7% do ano passado), as vendas podem despencar de 14,5% para apenas 1%, ou seja, a previsão é de intensa desaceleração, conforme disse, nesta quarta-feira (19), o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, em apresentação acompanhada pela equipe do INEWSBR, sobre as previsões para o setor.

“O ano de 2022 será um ano difícil, ruidoso, polêmico e isso tudo afeta os negócios. Já está afetando o crescimento do PIB, inclusive o nosso, que tem uma relação direta com geração de emprego e renda. As pessoas estão passando por muitas dificuldades”, observou Pimentel.

Mas,  segundo ele, o papel da indústria é transformador e fundamental para o crescimento do país e, no Brasil, há muita capacidade de produção. O mercado de varejo, o que está ligado às famílias, por exemplo, teve um consumo total estimado, em 2020, de R$4,6 trilhões, sendo 43% para bens e 57% para serviços. São quase R$ 2 trilhões em consumo de bens. Só em relação a roupas, em geral, representou R$ 193 bilhões. Mas tem, ainda, os outros elementos que utilizam artigos têxteis, a exemplo de cama, mesa e banho, que somam R$ 21 bilhões, assim como a área de decoração, de calçados, de mobiliário, entre outros.

“É um megamercado que somado rivaliza com o de alimentos, que é o maior no Brasil. Mas na última década, esse segmento quase não cresceu aqui. A renda per capita ficou estagnada e isso ficou muito nítido devido à baixa capacidade de consumo que foi drenada pela inflação, e que piorou neste último ano”, analisa.

Pimentel ainda disse que o mercado cresceu no ano passado, chegando a faturar R$ 194 bilhões, gerando 24,6 mil empregos e ficando em 5º lugar no ranking mundial, mas ele ressalta que esses números ainda estão muito aquém ao ano de 2019, tanto no têxtil, quanto vestuário e varejo. A importação no vestuário teve um crescimento pequeno e não recompôs a perda que houve em 2020 em relação ao ano anterior.

O grande gargalo, como afirma o presidente da Abit, está nos indicadores do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de vestuário de 10,31%, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) de 14% e IPP têstil de 24%. “Houve uma pressão muito grande dos custos e vai continuar assim este ano. Mas o setor é resiliente e vamos recuperar. Já fomos capazes de enfrentar os gigantes asiáticos, principalmente a China, que representa mais de 50% do que a gente importamos”.

Em relação a produção têxtil, de janeiro a novembro de 2020, cresceu 12,1%; a de vestuário 15,1% e varejo vestuário 16,9%. O consumo de vestuário no varejo fechou no total de R$ 193,2 bilhões em 2020, sendo R$ 186,9 bilhões (96,7%) do varejo físico (seel-out) e R$ 6,3 bilhões (3,3%) do e-commerce B2C (sell-out).

Fretes e a Ômicrom

Com a disparada dos preços do frete, considerando que a maior parte da matéria prima que se transforma dentro do Brasil é importada, especialmente os produtos sintéticos, os impactos nos custos são muito altos. “Durante a pandemia chegamos a ter frete de US$ 15 mil, sendo que antes era entre US$ 1,5 mil a US$ 2 mil. Além disso aumentou a dificuldade de encontrar navios de containers para colocar a carga. O impacto foi muito grande”, revela Pimentel.

Outro fator preocupante é a nova variante da covid-19, a Ômicrom, que gera o aumento no número de afastamentos dos trabalhadores na indústria, o que já tem causado problemas de produtividade. “mesmo com a nova variante, acreditamos que vamos retomar o abastecimento de insumos ao longo do ano. mas não podemos retroceder na reabertura do comércio e dos serviços”, alerta.

Últimas Notícias

Notícias Relacionadas