OIbovespa voltou a registrar um marco histórico nesta terça-feira (3), ao ultrapassar pela primeira vez os 161 mil pontos. O principal índice da bolsa brasileira fechou o pregão em alta de 1,56%, aos 161.092 pontos na máxima do dia, em um movimento influenciado pelo cenário externo e pelas apostas sobre os próximos passos da política monetária nos Estados Unidos e no Brasil.
O avanço ocorreu em um ambiente de liquidez moderada — o volume financeiro somou R$ 24,55 bilhões — e com a atenção do mercado voltada às decisões de juros do Federal Reserve e do Comitê de Política Monetária (Copom), ambas previstas para a próxima quarta-feira (11). Os dirigentes do Fed estão em período de silêncio, o que reforça a expectativa de início de corte dos juros norte-americanos em breve. No Brasil, o mercado projeta manutenção da Selic em 15% ao ano, com início do ciclo de redução apenas em 2026.
Além do ambiente macroeconômico, fatores políticos também alimentaram o apetite por risco. Pesquisa AtlasIntel/Bloomberg mostrou novo avanço da desaprovação ao governo federal, reduzindo o temor de continuidade do cenário político atual em 2026, o que foi interpretado por parte dos investidores como um elemento de menor incerteza fiscal à frente, segundo o analista Felipe Cima, da Manchester Investimentos.
No front internacional, tensões e negociações sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia seguiram no radar. Em Moscou, o presidente Vladimir Putin recebeu o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, para discutir uma proposta de paz revisada, enquanto relatos de combates intensos continuaram no leste ucraniano.
No campo doméstico, dados divulgados pelo IBGE mostraram crescimento abaixo do esperado na produção industrial de outubro, com avanço de apenas 0,1% ante projeção de 0,4%. O resultado reforça leituras de desaceleração econômica, mas não alterou significativamente o humor dos investidores.
Análises técnicas reforçam o momento positivo do índice. Relatório do Itaú BBA aponta que o Ibovespa mantém tendência de alta e pode avançar para 165 mil ou até 180 mil pontos. A Ágora Investimentos compartilha visão semelhante. Já o Bradesco BBI destaca que, apesar da desaceleração econômica, o Brasil segue firme para um dos “soft landings mais suaves” entre grandes economias.
Entre as projeções para 2026, bancos e casas de análise são otimistas:
- XP Investimentos elevou sua projeção para o Ibovespa de 170 mil para 185 mil pontos;
- Bank of America prevê o índice em 180 mil ao fim de 2026;
- Morgan Stanley é ainda mais otimista, projetando 200 mil pontos, sustentado por crescimento expressivo dos lucros corporativos e expectativa de queda do custo de capital.
Com indicadores técnicos favoráveis, valuations atrativos e expectativa de redução de juros no próximo ano, o mercado brasileiro segue no centro da atenção global, em um momento de confiança renovada pelos investidores.
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