terça-feira, dezembro 2, 2025
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Governo Federal substituirá sistema de inteligência após suspeita de “raspagem robótica” de dados do Córtex

O Ministério da Justiça e Segurança Pública anunciou que irá substituir o sistema de inteligência Córtex — utilizado por polícias de todo o país para cruzar dados de pessoas, empresas e veículos — após indícios de uso indevido e possível vazamento em larga escala de informações sigilosas.

De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, cerca de 70 milhões de CPFs aparecem como supostos autores de mais de 213 milhões de consultas realizadas por meio de credenciais pertencentes ao governo do Rio de Janeiro. A suspeita é de que robôs tenham automatizado consultas em massa, utilizando chaves de acesso originalmente cedidas à Polícia Militar do estado.

Substituição e recadastramento emergencial

O novo sistema de inteligência, que deve entrar em operação no primeiro semestre de 2026, é apresentado pelo governo como uma versão mais segura, com auditorias automatizadas, maior transparência e rastreabilidade das consultas — medidas que buscam reduzir vulnerabilidades e reforçar a proteção de dados sensíveis.

Para conter riscos imediatos, o Ministério da Justiça determinou o recadastramento obrigatório de todos os órgãos com acesso oficial ao Córtex. O procedimento ocorrerá entre 18 e 28 de janeiro, período em que a plataforma ficará temporariamente bloqueada. Somente entidades recadastradas receberão novas credenciais.

Histórico e questionamentos legais

Criado em 2021, durante o governo Jair Bolsonaro (PL), o Córtex concentra grande volume de informações em um único ambiente digital compartilhado com instituições conveniadas. O modelo, embora visto como eficiente para investigações, sempre gerou questionamentos sobre a compatibilidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e sobre a possibilidade de vazamentos, principalmente por reunir dados pessoais, registros de veículos e até informações de reconhecimento facial.

As suspeitas de raspagem automatizada aumentam as preocupações. Integrantes do Ministério da Justiça investigam tanto a origem das consultas irregulares quanto o destino final dos dados copiados sem autorização.

O InfoMoney procurou o Ministério da Justiça para esclarecimentos sobre o volume de informações comprometidas e sobre eventuais investigações envolvendo os órgãos detentores das chaves de acesso utilizadas nas consultas, mas ainda não obteve resposta.

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