Apesar de ser realidade em grandes capitais globais como Nova York, Paris, Londres e Buenos Aires, o Brasil ainda está longe de ter uma infraestrutura elétrica majoritariamente subterrânea. Apenas 1% da rede de distribuição do país opera nesse modelo, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No cenário atual, o Rio de Janeiro lidera o ranking nacional, com 11% de sua malha elétrica instalada no subsolo, seguido por São Paulo, com 7%.
A modernização, além de reduzir falhas no fornecimento e diminuir riscos de interrupção, também tem forte impacto na valorização imobiliária. De acordo com especialistas, imóveis localizados em vias com fiação subterrânea podem valorizar até 30%, devido à sensação de organização urbana, segurança e bem-estar visual.
A cidade de Balneário Camboriú (SC) — que possui o metro quadrado mais caro do país — estuda firmar um convênio com a Celesc para iniciar o processo de rebaixamento da fiação na Avenida Brasil, uma das mais importantes da cidade. A iniciativa pode transformar o padrão de urbanização da região, reforçando seu posicionamento no mercado imobiliário de alto padrão.
Para Diogo Martins, CEO do Instituto Brasileiro de Educação Profissional (IBREP) e especialista em mercado imobiliário, o modelo subterrâneo é amplamente consolidado no exterior e tende a ganhar espaço no Brasil, especialmente em áreas estratégicas.
Segundo ele, a implantação subterrânea traz sustentação estética e técnica para os centros urbanos:
“Além de reduzir quedas de energia e ter vida útil superior a 30 anos, o sistema melhora a paisagem urbana e contribui para um ambiente mais harmônico. Acredito que imóveis próximos a redes subterrâneas podem se valorizar até 30%”, afirma.
Martins destaca, contudo, o principal desafio: o custo, que pode ser até oito vezes maior do que o da fiação aérea. O especialista defende um modelo híbrido que priorize regiões turísticas, centrais ou de forte fluxo econômico, onde o retorno é mais rápido e consistente.
Ao mesmo tempo, a própria Balneário Camboriú estuda medidas temporárias para organizar a fiação existente até que o rebaixamento possa ser executado. O cronograma de obras ainda não foi definido.
Valorização urbana e impacto no mercado imobiliário
Cidades mais organizadas e esteticamente limpas geram impacto direto no mercado imobiliário — tanto em preços quanto em demanda. Em Santa Catarina, o setor segue aquecido: o estado já contabiliza 51.006 corretores de imóveis e 7.424 imobiliárias registradas, segundo o CRECI-SC.
A valorização urbana fortalece todo o setor, avalia Martins:
“O corretor de imóveis traduz o valor do imóvel em qualidade de vida e propósito. Quanto mais preparado o profissional, mais ele contribui para cidades melhores.”
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