OBrasil se tornou um dos mercados mais promissores para marcas de luxo especializadas em roupas e equipamentos de inverno — especialmente aquelas voltadas para esqui, snowboard e lifestyle de montanha. A tendência é resultado do aumento do número de brasileiros que buscam destinos como Courchevel, Val d’Isère e Vail durante a temporada de neve, além da consolidação de operações locais capazes de oferecer curadoria especializada.
Um dos nomes centrais desse movimento é Fabrício Luzzi, fundador da Core Company e responsável por trazer ao país marcas como The North Face, Goldbergh, Bogner, Cordova, UGG e Fjällräven. A empresa, que opera lojas de alto padrão em alguns dos principais shoppings do país, registrou R$ 30 milhões em faturamento em 2024, um avanço de 40% sobre o ano anterior.
Luzzi iniciou sua trajetória no setor há 20 anos, quando decidiu trazer a The North Face ao Brasil após uma experiência esquiando no exterior. Desde então, a empresa se consolidou como referência em curadoria premium de inverno, com foco em peças exclusivas e lançamentos internacionais limitados — como a Bogner 007 Collection e a Leather Collection da The North Face, disponíveis em poucas lojas no mundo.
Logística sofisticada e operações planejadas
Para atender à demanda de alto padrão, a Core Company opera com um estoque mínimo de sete meses no Brasil, armazenado em um centro de distribuição em Vitória (ES).
As compras são planejadas com um ano de antecedência, considerando um ciclo que envolve:
- 6 a 8 meses de produção
- 2 meses de importação
- lançamento das coleções em fases, em lotes menores
Segundo Luzzi, 80% das vendas ainda ocorrem em lojas físicas:
“O cliente quer experimentar, quer ser atendido como se estivesse em um lounge de esqui.”
Com o crescimento, a empresa planeja abrir novas unidades da marca Explore Mode no Rio de Janeiro, Curitiba e, futuramente, Brasília, mantendo um limite máximo de dez lojas para preservar a exclusividade da curadoria.
A força da Goldbergh no Brasil
A expansão também impacta as marcas vendidas pela Explore Mode.
Durante a inauguração da loja em São Paulo, a diretora global de vendas da Goldbergh, Loes Peet, afirmou que o Brasil é hoje um dos mercados mais promissores para a marca:
“Nossa primeira cliente em Amsterdã era brasileira. O consumidor daqui é fiel e valoriza o design feminino. As brasileiras querem elegância na montanha — lindas, mas ativas.”
Peet não descarta a abertura de uma loja própria da Goldbergh no Brasil nos próximos anos, além da ampliação das linhas para infantil e masculino.
A marca — conhecida pelos looks usados por celebridades como as Kardashians e por aparições em séries como Emily in Paris — trabalha com peças que podem ultrapassar R$ 8.500 (jaquetas) e R$ 1.300 (gorros). Mesmo assim, a demanda brasileira é crescente.
Segundo Luzzi, essa preferência tem identidade própria:
“A versão que chega ao Brasil é diferente da europeia: mais brilho, mais dourado, mais estampas. É quase uma coleção exclusiva.”
A combinação de viagens internacionais, desejo por exclusividade e curadoria especializada ajuda a explicar por que o Brasil se tornou uma potência inesperada no mercado global de luxo para esportes de inverno.
Leia mais:





