sexta-feira, novembro 21, 2025
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Café a US$ 1.000 a xícara: como o Panamá se tornou referência mundial e bateu recordes em Dubai

A Hacienda La Esmeralda, tradicional produtora de cafés especiais no Panamá, voltou a movimentar o mercado internacional ao alcançar um recorde histórico: um lote do seu prestigiado café Geisha foi vendido por US$ 30.204 o quilo em um leilão privado do Best of Panama (BOP) — valor que fez com que uma empresa de Dubai, a Julith Coffee, passasse a vender xícaras do café por US$ 1.000 no mercado de luxo dos Emirados.

A informação foi confirmada por Daniel Peterson, gerente geral da fazenda, em entrevista à Bloomberg Línea. Segundo ele, os compradores da Julith viajaram pessoalmente ao Panamá para levar os grãos “nas próprias malas”, uma prática comum quando se trata de microlotes extremamente raros.

O lote recordista

O café responsável pelo novo marco internacional é um Geisha lavado, variedade que transformou a reputação do Panamá nas últimas duas décadas.

O lote leiloado:

  • foi vendido a US$ 30.204 por quilo;
  • totalizou 20 quilos, somando US$ 604.080 pagos pelo grupo de Dubai;
  • superou o segundo colocado, também da Hacienda La Esmeralda, um Geisha natural adquirido por US$ 23.608/kg por um comprador chinês.

Atualmente, a produção anual de Geisha na fazenda é de cerca de 45 toneladas, mas apenas 35% é embalado sob a marca La Esmeralda — o restante não atinge os rigorosos padrões sensoriais da casa.

Por que o café panamenho se tornou tão valioso

O Panamá produz apenas 1,1% do café mundial, mas se tornou um gigante em qualidade graças a uma combinação rara de fatores:

  • microlotes em áreas montanhosas com solos vulcânicos;
  • microclimas com chuvas persistentes;
  • manejo agronômico minucioso;
  • processo de lavagem e fermentação altamente técnico;
  • preservação das florestas que circundam as áreas de cultivo.

“Há 25 anos, o café saía daqui misturado em sacas. Hoje vendemos micro lotes por quilo, enviados de avião”, afirma Peterson.

O país elevou o padrão dos cafés especiais a partir de 2004, quando o Geisha da Esmeralda revelou sabores florais e frutados inéditos na América Central, com notas de jasmim, pêssego e nuances tropicais complexas.

Do campo à xícara: ciência, terroir e técnica

Peterson explica que o segredo do Geisha recordista está na soma entre terroir e ciência.
A fazenda realiza análises detalhadas do microbioma presente nas plantas, investigando como leveduras e microrganismos influenciam o sabor durante a fermentação.

Além disso, o Panamá aperfeiçoou o método natural de secagem nos últimos 15 anos — um processo longo e delicado, que envolve remover a umidade de várias camadas da fruta enquanto a mantém inteira, favorecendo complexidade aromática.

Reconhecimento internacional

A Hacienda La Esmeralda domina competições globais. No Best of Panama 2025, a fazenda conquistou:

  • 98 pontos (Geisha Lavado)
  • 97 pontos (Geisha Natural)
  • 1º lugar em Varietais (92,88 pontos)
  • o título de campeã geral da Panama Cup 2025

Com isso, a fazenda reforça seu papel como uma das principais responsáveis pela construção da reputação do Panamá como uma das origens mais cultuadas do mundo dos cafés especiais — especialmente entre países asiáticos e mercados de luxo nos Emirados Árabes.

Dubai e a cultura do café premium

O interesse da Julith Coffee reflete o crescimento do mercado de cafés raros nos Emirados Árabes Unidos, onde experiências exclusivas têm alto apelo entre consumidores de altíssimo poder aquisitivo. Dubai está entre as 10 cidades com maior número de milionários no mundo — um público disposto a pagar centenas (ou milhares) de dólares por uma xícara de um café único.

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