terça-feira, outubro 28, 2025
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Ruy Castro e Tony Bellotto são os grandes vencedores do 67º Prêmio Jabuti

Uma das condecorações literárias mais prestigiadas do país, o Prêmio Jabuti anunciou os vencedores da sua 67ª edição, em cerimônia realizada pela primeira vez no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na noite desta terça (27). Os grandes vencedores da noite foram o escritor e jornalista Ruy Castro e o músico e escritor Tony Bellotto.

Imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ruy ganhou nas categorias Crônica e Livro do Ano pela obra O ouvidor do Brasil: 99 vezes Tom Jobim. Já o guitarrista dos Titãs arrematou a estatueta na categoria Romance Literário com Vento em setembro. Ambos foram publicados pela Companhia das Letras.

“Esse bichinho aqui eu recebo em nome de todos os leitores que estão me acompanhando nesses 35 anos como autor de livros. Costumo dizer que não sou um escritor. Sou aquele que faz perguntas e toma notas. Sou um biógrafo que faz reconstituição de histórias do Brasil, de pessoas e épocas, que nunca foram contadas ou precisavam ser contadas de outra maneira. Pretendo continuar. O Rio é inesgotável”, disse Ruy, no palco do Municipal.

Eles e os demais autores vencedores receberão R$ 5 mil e a tradicional estatueta, muito cobiçada no meio. Pelo Livro do Ano, Ruy embolsará mais R$ 70 mil e uma viagem para representar o Brasil na Feira do Livro de Londres, em março de 2026.

Trazendo uma recente discussão sobre prêmios literários à tona, chamou a atenção que mais homens fossem premiados, embora muitas mulheres estivessem presentes entre os jurados. Por outro lado, deu alegria ver diversas editoras de pequeno e médio porte saírem do Municipal em êxtase, o que, de fato, mostra a preocupação do júri em valorizar a bibliodiversidade.

Personalidade Literária do ano, a premiada escritora Ana Maria Machado, membro da ABL e um dos nomes centrais da literatura infantil brasileira, se emocionou ao receber aplausos entusiasmados de todo um teatro – e também com o vídeo exibido no telão, costurado por depoimentos amorosos de Ruth Rocha, Pedro Bandeira, Ruy Castro e Antônio Torres e Dirce Waltrick do Amarante, amigos de longa data.

“Receber essa homenagem foi uma linda surpresa, que me encheu de alegria e gratidão. Foi inteiramente inesperado. Todo mundo merece sempre ter o seu trabalho reconhecido. Atualmente vivo tão reservada, recolhida, distante da mídia, das redes sociais. E a emoção é dupla porque é um reconhecimento que vem do povo do livro, da minha gente. E ainda mais num ano em que a festa é na minha cidade”, pontuou Ana Maria, ao microfone, diante de uma plateia em reverência.

Na abertura da cerimônia, a presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sevani Matos, quis registrar o seu agradecimento aos 4.530 livros inscritos nas 23 categorias, divididas em quatro eixos. “Vocês são a razão de ser do Jabuti. Cada livro escrito é um testemunho da forma criativa de um país que sonha com as palavras. Este é um trabalho coletivo e de genuíno amor ao livro e ao Brasil”, afirmou Sevani, citada em todos os discursos seguintes, entre eles o do vice-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Cavalieri, e do secretário Fabiano Piúba, do Ministério da Cultura.

Muito à vontade no palco, o curador Hubert Alqueres fez uma breve retrospectiva do Jabuti ao longo deste 2025. “O Jabuti esteve presente na Bienal do Livro através de debates. Depois fizemos alguns encontros de esquenta com autores, e esses eventos todos ainda se desdobraram nas escolas, nas praças, nas bibliotecas. A gente viu o livro acontecer na vida das pessoas”, frisou ele.

Hubert destacou a “confiança no trabalho de dezenas de jurados que lêem com paixão e seriedade os livros” concorrentes e mencionou dois saudosos escritores que nos deixaram este ano – Luis Fernando Verissimo (1936-2025) e Heloísa Teixeira (1939-2025) -, antes de concluir a sua fala, que enxertou poesia na missão do prêmio.

“O Jabuti é, antes de tudo, uma celebração da palavra. E é a palavra é o que nos humaniza. Em cada livro, há um gesto de coragem. Que a cerimônia desta noite seja lembrada pelo sentido do que ela representa: a persistência da leitura como um ato de liberdade”, exaltou o curador.

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